Rendimento da actividade agrícola deverá aumentar 6,8% em 2010
Segundo a primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura para 2010, o Rendimento da Actividade Agrícola em Portugal, por unidade de trabalho, deverá ter crescido 6,8%, em termos reais, relativamente a 2009.
Victor Jorge
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Em 2010, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) estimam que o volume da Produção do Ramo Agrícola tenha registado um decréscimo de 1,5%, para o que contribuíram a variação da produção vegetal (-1,6%) e a variação da produção animal (-1,4%). Em grande medida, a redução de produção foi consequência das “condições climatéricas desfavoráveis registadas durante o ano agrícola. Estas condicionaram fortemente o desenvolvimento dos trabalhos e das culturas, dada a persistência de precipitação ao longo de todo o Inverno e as elevadas temperaturas de Verão”, refere o INE.
Em termos nominais, estima-se que a produção aumente 3,3%, em consequência do crescimento dos preços de base em 4,9%. O Consumo Intermédio (CI) deverá aumentar, em termos nominais, 5,0%, em resultado, sobretudo, do crescimento dos preços (+4,6%), uma vez que o volume deverá manter-se praticamente estável (+0,4%).
Como consequência dos diferenciais de crescimento nominal e em volume da Produção e do CI, espera-se que, em 2010, o Valor Acrescentado Bruto (VAB), a preços de base, registe uma pequena redução nominal de 0,6% e uma redução em volume mais significativa, de 5,8%.
O Rendimento de Factores deverá aumentar 5,7% em valor, em 2010, dado que a variação negativa do VAB, em termos nominais, deverá ser mais que compensada pelo forte aumento dos Outros Subsídios à Produção (+21%). Em termos reais, tendo como referência o deflator do PIB, o Rendimento de Factores deverá ter aumentado 4,8%. Este acréscimo, associado a uma redução de 1,9% do Volume de mão-de-obra agrícola (VMOA), deverá conduzir a um aumento de 6,8% do rendimento de factores real, por unidade trabalho/ano, face a 2009.
A Produção Vegetal deverá registar um acréscimo nominal de 5,6% em 2010, destacando-se os acréscimos em valor nos cereais (+19,8%), batata (+29,9%) e vinho (+11,2%). Esta variação nominal traduz o efeito da subida quase generalizada dos preços (+7,4%).
Efectivamente, em volume, a Produção Vegetal deverá diminuir 1,6%, em resultado, designadamente, do decréscimo da produção de cereais como o trigo (-22,9%) e a cevada (-52%), de batata (-12,1%) e de frutos frescos (-15,4%). Para além da persistência de chuva no Inverno, observou-se, no caso dos cereais, uma conjuntura desfavorável nos mercados, que conduziu a uma das mais baixas campanhas das últimas décadas. O excesso de precipitação prejudicou igualmente a produção de batata e de frutos frescos, estando a redução de batata aliada também a dificuldades de escoamento já observadas em anos anteriores.
As culturas industriais deverão evidenciar um decréscimo de 5,7% em volume, para o qual será decisivo a redução prevista para as oleaginosas (aproximadamente 30%). Efectivamente, a indústria nacional produtora de biodiesel optou pela compra de matéria-prima importada, em particular soja, em detrimento da contratação de produtores agrícolas nacionais de girassol, contrariamente ao que sucedeu em anos anteriores e que motivou elevadas produções em 2007 e 2008.
Para a produção de Vinho prevê-se um acréscimo, quer em termos nominais, quer em termos reais, estimando o INE que a variação em volume de vinho seja de +8,4%, em resultado de um bom desenvolvimento da uva e de um controle eficaz de doenças e pragas.
Em termos de variações de preços, destaca-se o preço da batata, para o qual se estima um acréscimo muito acentuado (+47,8%). Este aumento está associado à redução da área plantada, ao apodrecimento dos tubérculos provocado pela forte precipitação ocorrida durante o ano e ao contexto de subida dos preços de importação deste produto, em conjugação com o efeito de base dos fortes decréscimos observados em anos anteriores (-18,1% em 2008 e -13,6% em 2009). Igualmente para os cereais se antecipa um grande aumento de preços (+28%) em resultado da redução da produção em volume e da influência dos elevados preços no mercado mundial.
A Produção Animal, por sua vez, deverá apresentar valores próximos do ano anterior (-0,2% em termos nominais), em consequência da conjugação de um decréscimo em volume (-1,4%) e de um aumento dos preços de base (+1,3%). A redução em volume da Produção Animal deverá, em grande medida, ser determinada pelas diminuições em volume nas produções de Bovinos e Leite.
A produção de bovinos deverá observar um decréscimo, em volume, de 11,9%. Esta variação negativa da produção deve-se, sobretudo, à tendência actual de aumento do custo das matérias-primas para a alimentação animal (nomeadamente cereais) que não é compensada pelo acréscimo de preços dos animais. Neste sentido, “prevê-se que a saída de animais para engorda e abate em Espanha venha a aumentar”, salientam os dados do INE.
Relativamente às produções de suínos e aves, estimam-se aumentos de volume de 3,2% e 3%, respectivamente. “O comportamento diferenciado dos preços dos bovinos e suínos, no consumidor (aumento do preço da carne de bovino e decréscimo do preço da carne de suíno) e o actual clima económico deverão estar a motivar a maior procura, por parte dos consumidores, por carne mais barata, o que terá sido correspondido, em particular na produção suinícola nacional, com um envio para abate de um maior número de animais”, diz o INE.
No caso do leite, perspectiva-se em 2010 um menor volume de produção (-2,5%) que resulta, principalmente, da conjuntura negativa para o sector leiteiro nacional, com a previsão do fim do regime de quotas em 2015 e as dificuldades crescentes no licenciamento/manutenção das explorações agrícolas. Como consequência, é previsível a continuação da diminuição do número de produtores. É de salientar também a variação negativa prevista para o preço do leite (-6,7%), em parte motivada pela importação de lacticínios a preços baixos. Este facto, aliado à evolução da procura dos consumidores, tem acarretado obstáculos acrescidos na colocação de leite nacional no mercado.