Aberturas no retalho atingiram mínimo histórico em 2010
As novas aberturas no sector do retalho atingiram, segundo a Cushman&Wakefield, o mínimo histórico, com apenas dois projectos inaugurados durante 2010. O futuro, diz a consultora, dependerá “da percepção de risco do país”.
Victor Jorge
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O balanço efectuado, hoje (Terça-feira), pela Cushman&Wakefield (C&W) relativamente ao mercado de investimento imobiliário em 2010, ditou uma conclusão simples: tanto o mercado de escritório como o de retalho registaram, no ano que acabou há quatro dias, mínimos históricos.
No caso dos escritórios, a quebra ronda os 11,5% face a 2009 e de 60% em relação a 2008, esclarecendo o estudo da C&W que as transacções neste sector foram motivadas “sobretudo por poupança de custos, relocalização ou redução de espaços”, sendo que as rendas médias registaram “quebras acentuadas”, salientando a consultora imobiliária que as rendas primes estiveram “sob pressão”.
Já no retalho comercial, as aberturas limitaram-se a dois projectos – LeiriaShopping (43.200 m2 ABL, 19.400 m2 expansão) e Barreiro Retail Planet (36.000 m2 ABL) – concluindo-se que o índice de volume de negócios neste sector foi inferior ao valores registados no ano de 2005.
Os responsáveis da Cushman&Wakefield explicaram ainda que os “níveis de procuram reflectem a actual situação do mercado”, ou seja, “a redução de interesse é evidente”. Com a oferta futura de conjuntos comerciais em construção a rondar os 180.000 m2, bem distante dos 700.000 m2 de 2003, os valores das rendas estão sob pressão, indicando a C&W que “o comércio de rua em Lisboa e Porto está em franca ascensão”.
Quanto ao volume de activos transaccionados, este não deverá atingir os 600 milhões de euros, verificando-se, no entanto, uma ligeira evolução face a 2008 e 2009, registando-se, contudo, uma redução do volume de investimento estrangeiro (apenas 30% contra os habituais 50%).
Quanto ao ano de 2011, a Cushman&Wakefield refere que o mercado imobiliário estará “condicionado pelo crescimento do desemprego, quebra do consumo privado, subida dos custos de financiamento e perda de atractividade da economia portuguesa”, antevendo que “a credibilidade do país e das medidas tomadas para o equilíbrio das contas públicas serão cruciais para a captação de investimento estrangeiro”.
Por sectores, a consultora considera “expectável” um volume de procura modesto no mercado de escritórios, enquanto o retalho “deverá manter-se como nos últimos dois anos”, ou seja, “reduzido volume de nova oferta inaugurada, actividade em crescimento no comércio de rua em Lisboa, rendas em quebra nos projectos novos ou não prime”.
De qualquer maneira e concluindo, “a actividade de investimento em 2011 poderá retomar a dinâmica do passado, mas sempre condicionada pela percepção de risco do país”.