Centromarca acusa quem desinforma o consumidor
Em recente entrevista ao Jornal Meios&Publicidade, João Paulo Girbal, Presidente da Centromarca, acusa algumas marcas e cadeias de distribuição de se aproveitarem da falta de informação dos consumidores para levá-los “a acreditar que está a beneficiar os produtores portugueses quando isso não é verdade”.
Victor Jorge
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“A portugalidade é um factor competitivo importantíssimo”. É desta forma que o presidente da Centromarca, João Paulo Girbal, encara a utilização do argumento da portugalidade junto dos consumidores.
Em entrevista ao Jornal Meios&Publicidade (publicação do grupo Workmedia que detém o Jornal Hipersuper), o responsável pela associação que reúne as empresas de produtos de marca, destaca, no entanto, a existência de algumas marcas e cadeias de distribuição que se aproveitam da “falta de informação dos consumidores para levá-los a acreditar que está a beneficiar os produtores portugueses quando isso não é verdade”.
Numa altura em que a discussão sobre a origem dos produtos está cada vez mais na ordem do dia, bastando para tal lembrar o discurso do secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, Carlos Oliveira, no recente Congresso da Distribuição Moderna, organizado pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), no qual destacava o papel que os associados da APED poderão ter na ajuda à produção nacional, fazendo referência à “indicação inequívoca da origem” que os produtos deverão ter, salientando que “o código 560 só permite identificar o local onde o produto é codificado e não onde é produzido”, Girbal refere que “estes esforços de apoio à produção local pelas cadeias da distribuição acabam por ter um objectivo mais de marketing do que real pois não são consubstanciados num comportamento leal com a generalidade dos fornecedores”.
João Paulo Girbal admite que “os consumidores, mais do que nunca, estão atentos à proveniência dos produtos que consomem e sempre que podem escolhem produtos nacionais porque têm um impacto directo no emprego e na economia local”, salientando mesmo que “ser produzido em Portugal ou ter uma elevada incorporação de valor em Portugal significa criar riqueza local e dar trabalho a portugueses e, simultaneamente, diminuir as importações”.
Nesse sentido, a informação que se transmite aos consumidores, nomeadamente nas embalagens, para que possa fazer uma escolha informada é, segundo o presidente da Centromarca, “fundamental para esta dinâmica positiva de preferência dos produtos com cada vez maior incorporação nacional”.
Quanto à importância da portugalidade para a afirmação dos produtos portugueses nos mais variados mercados externos, João Paulo Girbal é da opinião que “será tanto mais importante quanto Portugal se afirmar como marca que empresta valor aos produtos e serviços que exportamos”. Certo é que a marca Portugal “tem de se afirmar como aspiracional e significar algo que os consumidores no estrangeiro procurem nas diferentes áreas/categorias”.
No que diz respeito à questão das Marcas da Distribuição (MdD) estarem a crescer em quota de mercado, com base, contudo, de produtos importados, o presidente da Centromarca é peremptório: “é uma situação claramente prejudicial à nossa economia”. E justifica: “o emprego sofre e a carga do Estado Social que temos agrava-se porque é preciso gradualmente suportar mais gente e empresas em situações de dificuldades extremas à custa dos que ainda contribuem. A forma não transparente como são construídos os preços com que aparecem os produtos nas prateleiras distorce o mercado e dá aos donos dessas prateleiras um poder exagerado que chega ao ponto de decidir que produtos e empresas produtoras podem ser permitidas estarem no mercado. É impossível a um produtor de grande consumo não estar presente na grande distribuição porque 90% do que se compra e vende passa por 9 entidades, em que duas controlam cerca de 60%. Por outro lado, as marcas da distribuição não contribuem em nada para as nossas exportações, pois o consumidor dos outros mercados não as conhece nem as procura. Não é viável vender capacidade produtiva num mercado global em que todos têm acesso às mesmas tecnologias, às mesmas matérias-primas, os transportes de longo curso têm custos semelhantes mas, quando chegamos aos custos de produção, eles são muitíssimo mais baixos noutras geografias do que na União Europeia. Para exportar sustentadamente é essencial ter marca e trabalhar muito e bem para que seja reconhecida e querida nos diferentes mercados”.