Opinião de Pedro Fernandes, director de marketing da Edigma, sobre o Apple Pay
O Apple Pay é um sistema de pagamento elegante, seguro e traz consigo um leque alargado de parceiros que podem representar a massa crítica necessária para que o serviço tenha tracção e seja bem sucedido
Rita Gonçalves
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Por Pedro Fernandes, director de marketing da Edigma
Entre relógios e telemóveis, a Apple apresentou na semana passada um novo sistema de pagamento, o c Pay. Não é a primeira investida em serviços da marca. O iTunes é o serviço de venda de conteúdos multimédia, e a música, filmes e livros que comercializa em formato digital alimentam os iPod, iPhone e iPad. Com o Apple Pay, a empresa entra no sector financeiro, que não está directamente relacionado com a sua actividade principal, o que não deixa de ser surpreendente.
O sector financeiro e os grandes players instalados são actualmente alvos de um sem-número de empresas tecnológicas, desde pequenas startups até gigantes mundiais, com o objectivo de desintermediar um sistema que consideram arcaico, pouco transparente e gordo. A forma de o fazerem varia, desde a implementação de sistemas alternativos de pagamento até à criação de moeda digitais alternativas.
Google Wallet, Square, Transferwise, Stripe e Dwolla, são alguns dos mais promissores projectos nesta área.
Inovação para o retalho
Faz sentido que os retalhistas se interessem por esta temática porque daqui poderá advir inovação que irá afectar o seu sector. O sistema Apple Pay merece especial atenção por vários motivos. A Apple é uma empresa com um histórico de execução notável, criando produtos e serviços extraordinários em áreas que entende obsoletas. Destaca-se em múltiplas competências (hardware, software, serviços) necessárias para propor uma solução que seja uma alternativa integral, e que não corrija ou melhore apenas parte da cadeia. Esta última é a forma de actuação mais comum das startups, que se concentram em resolver muito bem um pequeno problema dentro de um grande problema. A Apple possui também a capacidade de seduzir e atrair parceiros de grande envergadura (bancos) e grande extensão (cadeias de retalho). Depois do sucesso obtido pela operadora de telecomunicações AT&T com a exclusividade inicial na comercialização do iPhone, ninguém quer correr o risco de ficar de fora.
Como funciona?
O Apple Pay funciona de forma bastante simples. O consumidor tem apenas que colocar o seu dedo no telemóvel para que o pagamento seja autorizado. Se estivermos a falar de retalho físico, tem que o fazer junto a um terminal específico existente dentro da loja. Deixa de ser necessário a utilização de cartão bancário, tornando o processo de pagamento mais rápido e simples. Diminuir o atrito existente em qualquer processo é necessário para aumentar a sua frequência. Daí a importância de os sistemas serem simples e intuitivos, quer falemos de um sistema operativo de computador, quer falemos de um sistema de transportes como o metro.
Este sistema para já vai estar disponível nos EUA, contando com a colaboração dos três grandes emissores de cartões bancários (Visa, Mastercard, AmEx) e dos principais bancos (JP Morgan Chase, Bank of America, CitiGroup). Macy’s, Bloomingdale’s, Walgreens, Staples, Subway, McDonalds, Disney, Nike, Sephora, são alguns dos retalhistas que vão adoptar o novo sistema de pagamento. Online já estão confirmadas empresas como Target, Uber, Groupon e a Major League Baseball.
Do ponto de vista da Apple, estão a substituir uma tecnologia com 50 anos por algo mais simples, seguro e privado. Simples, já percebemos que é. Seguro, só o tempo o dirá, mas o chip biométrico facilmente será mais seguro que um cartão com o nº na frente e o código de segurança escrito nas costas que deixamos desconhecidos manusearem. Relativamente à questão da privacidade, poderá estar aqui um problema para os retalhistas. A Apple anunciou que não armazena nem sequer recolhe informação sobre o que foi comprado, por quanto nem onde, uma vez que a transacção é entre o cliente, banco e retalhista. Se este sistema de pagamento não armazena esta informação, os retalhistas poderão ter dificuldade em obtê-la, uma vez que é frequente ser extraida dos dados financeiros. A informação disponível não é, nesta fase, suficiente para esclarecer esta e outras dúvidas. A certeza que fica é que o Apple Pay é um sistema de pagamento elegante, seguro e traz consigo um leque alargado de parceiros que podem representar a massa crítica necessária para que o serviço tenha tracção e seja bem sucedido.