Pagamentos via Facebook, por Pedro Fernandes (DISPLAX)
O Facebook anunciou recentemente a funcionalidade de transferência de dinheiro na plataforma, ou seja, será possível enviar dinheiro a um amigo através do Facebook. Há aqui uma eficiência económica uma vez que deixa de haver lugar ao pagamento de taxas.
Rita Gonçalves
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Por Pedro Fernandes, Director de Marketing da DISPLAX Multitouch Technologies
O Facebook anunciou recentemente a funcionalidade de transferência de dinheiro na plataforma, ou seja, será possível enviar dinheiro a um amigo através do Facebook. Por exemplo, quando um grupo de amigos for jantar fora, no final, em vez de dividir a conta e cada um fazer um pagamento ao restaurante, um dos presentes poderá pagar a totalidade e os restantes amigos fazem-lhe uma micro-transferência. Há aqui uma eficiência económica uma vez que deixa de haver lugar ao pagamento de taxas. Este produto é naturalmente vantajoso para quem actualmente tem de pagar as taxas de utilização de cartões bancários. Por outro lado, são más notícias para quem cobra essas taxas. É o exemplo clássico de inovação: onde há um monopólio a cobrar taxas aparece um empreendedor decidido a mudar o paradigma.
Produtos destinados a facilitar micro-pagamentos não são propriamente novidade, e já existem várias empresas a tentar descodificar este mercado, mas uma das dificuldades com que se deparam frequentemente é a aquisição de utilizadores para a plataforma. O problema que o produto vem resolver tem de ser suficientemente forte para conseguir atrair o utilizador. Se a forma corrente de resolver esse problema não for suficientemente dolorosa em comparação com a nova, não existe aquisição e, consequentemente, não se criam as sinergias do efeito rede! O efeito rede é fundamental para o sucesso. O telefone é o exemplo clássico da importância do efeito rede. É um produto fantástico. Mas se só uma pessoa no Mundo tiver telefone, o produto não tem utilidade. Da mesma forma, quantas mais pessoas estiverem na plataforma de micro-pagamentos, mais útil esta se torna. Quando a plataforma se chama Facebook e tem mais de mil milhões de utilizadores, torna-se automaticamente um sério candidato ao sucesso. Se a isto adicionarmos o facto de a pessoa contratada para gerir este novo produto ser o anterior presidente do Paypal, a atenção que o assunto nos merece torna-se ainda maior.
Como com qualquer nova tecnologia, fazer futurologia é um desporto radical. Ainda assim, é pertinente reflectir para tentar antecipar o impacto deste produto, especificamente no comércio.
Nesta fase inicial o serviço está apenas disponível para utilizadores, mas faz sentido que o serviço seja alargado a páginas de marcas e de lojas assim que os utilizadores estejam familiarizados e sintam confiança no mesmo. Adicionalmente, faz sentido que a esmagadora maioria das transacções seja de baixo valor (abaixo dos €50, provavelmente). Para transferências maiores a sensação de segurança ainda prevalece sobre a facilidade do mecanismo de pagamento. Além de que o perfil das empresas associadas aos grandes pagamentos se preocupa muito mais com o ‘status quo’ do que com o modernismo dos ‘early adopters’. É no pequeno retalho que se deverão concentrar a maioria dos pagamentos: restaurantes, cafés, cabeleireiros, livrarias, cinema. Pequenos serviços e produtos de valor relativamente baixo.
Pela informação disponível actualmente, o Facebook não planeia fazer deste serviço um negócio, ou seja, não cobrará taxas. Mesmo não gerando receitas, este serviço faz todo o sentido para a plataforma/rede social na medida em que reforça o ‘core-business’ da empresa: acentuar a relevância da rede social no dia-a-dia dos utilizadores.
Para que funcione de uma forma fluída, o Facebook terá de dar bastante mais visibilidade às marcas e empresas presentes na plataforma que, actualmente, atingem apenas uma pequena fracção dos seus seguidores em cada publicação que fazem. Este mecanismo foi criado pelo Facebook com o objectivo de proteger os utilizadores do ruído das publicações comerciais excessivas e consequente degradação da qualidade da rede social. Este filtro terá de ser de alguma forma modificado para garantir uma visibilidade total na comunicação entre as marcas e os utilizadores. Até porque muitas empresas investiram no Facebook com o objectivo de aumentar o número de seguidores, na expectativa que, após esse investimento, o alcance da comunicação fosse total. Como acontece no Twitter, por exemplo. Mas ao implementar o tal filtro, o Facebook ganhou o descontentamento dessas empresas e perdeu a sua confiança. E é neste cenário que o Facebook vai ter de trabalhar o serviço de micro-pagamentos.
@buildinglfstyls (twitter)