Gonçalo Pereira (Jameson) e Gonçalo Faustino (Maldita)
A primeira cerveja lusa envelhecida em barris de whisky
O que acontece quando uma cerveja artesanal estagia durante dez meses em barris já utilizados para envelhecimento de whisky? A Jameson e a Maldita uniram-se para descobrir e o resultado chama-se O’Phélia
Ana Catarina Monteiro
Mercadona abre supermercado em Leiria
MO reabre loja remodelada em Sintra
Estudo Benchmarking Supply Chain da GS1 sinaliza necessidade de maior colaboração e foco na digitalização
Portfolio Vinhos com a representação exclusiva do produtor espanhol Marqués de Riscal
Grupo os Mosqueteiros reforça apoio aos bombeiros
Centros comerciais Alegro distinguidos com o selo Superbrands 2024
InPost supera os 11 mil pontos pack e lockers em Portugal e Espanha
Grupo Paulo Duarte investe 1,1 milhões de euros na aquisição de seis veículos autobetoneiras
CVR Lisboa confirma vindimas com quebras acima das previsões mas vendas batem recordes absolutos
Mira Maia Shopping com novas aberturas e remodelações no último quadrimestre
O que acontece quando uma cerveja artesanal estagia durante dez meses em barris já utilizados para envelhecimento de whisky? A Jameson e a Maldita uniram-se para descobrir e o resultado chama-se O’Phélia.
Recuemos ao segundo milénio Antes de Cristo. Reza a lenda que uma jovem mulher da tribo lusitana desenvolveu uma receita original de cerveja, a qual pretendia dar a provar ao seu pai quando este voltasse da Irlanda. Diz-se que a tribo teria partido da Península Ibérica à conquista daquela região nórdica, muito antes dos celtas se apoderarem das ilhas britânicas. Diz-se também que a jovem, chamada Ofélia, apercebeu-se após várias experiências do toque sofisticado que o envelhecimento de cerveja em barris de whisky dá à bebida milenar. Orgulhosa da sua descoberta, esperou pelo pai, um dos maiores guerreiros e mestres cervejeiros lusos, mas este não regressou mais a casa e a cerveja criada para si nunca foi saboreada. Até hoje.
É sob este mote que a destilaria irlandesa Jameson e a microcervejeira portuguesa Maldita se associaram para a criação da O’Phélia. É quase uma bebida espirituosa, de cor acobreada e com ausência de espuma. “Ao desgustá-la, nota-se o carvalho, que as pessoas associam ao aroma de whisky, tem notas de caramelo e sente-se a baunilha no nariz. Em termos de boca, há uma agressividade alcoólica e muita secura. No final, um caramelo torrado no palato”, diz quem sabe, Gonçalo Faustino, produtor cervejeiro da Maldita.
Uma nova categoria de bebida em Portugal
A nova bebida, que não cabe no universo das cervejas nem do whisky, representa uma nova categoria de produto em Portugal. Até à data nenhuma produtora tinha envelhecido cerveja em barris que já estagiaram ao sabor de um whisky de tripla destilação, como o Jameson Original. “O envelhecimento em barril já se fez em Portugal, mas de whisky não. Até porque não é tão fácil arranjarem-se barris de whisky como é de Vinho do Porto ou Vinho Madeira”.
As duas produtoras conheceram-se durante uma prova de cervejas e depois de provar a bebida “porta-estandarte” da Maldita, a marca irlandesa aliciou a microcervejeira de Aveiro a ingressar na parceria. O mestre cervejeiro da marca lusa viajou então até à fábrica da Jameson na Irlanda, onde conheceu o mestre cooper (tanoeiro) da empresa, Ger Buckley e, depois de montar um barril, selecionou dez barris já utilizados para trazer para Portugal. A cerveja mais vendida da Maldita, a English Barley Wine (vinho de cevada inglês), estagiou nos mesmos durante dez meses e saiu recentemente para o mercado com rótulo da O’Phélia. A edição limitada a 3500 garrafas está à venda em lojas especializadas.
Portugueses muito apreciadores de whisky
A Jameson já tinha realizado iniciativas da mesma natureza com produtoras de cerveja da “Irlanda, Inglaterra, Estados Unidos e em alguns países nórdicos, como a Noruega”, mas foi a primeira vez que o fez num país europeu da zona mediterrânica. O projeto representa um investimento entre os “50 mil e os 100 mil euros” num mercado “muito apreciador de whisky”, explica em entrevista ao HIPERSUPER Gonçalo Pereira, brand manager para Portugal da produtora irlandesa. “Em termos de consumo per capita, a Jameson é a terceira marca mundial mais consumida em Portugal. Os portugueses gostam de whiskies suaves, como é o nosso”. A ideia criativa da O’Phélia foi desenvolvida em conjunto pela produtora irlandesa e a agência portuguesa Volta.
“Quisémos dar uma nova experiência de consumo ao nosso público-alvo. O whisky é uma bebida consumida maioritariamente por homens entre os 25 e os 40 anos. No entanto, estamos a lançar novos produtos para atrair outros targets como, por exemplo, a nova bebida Jameson Ginger and Lime, mais fresca e mais suave, que pretende atrair mulheres e consumidores não habituais de whiskies”, dá conta o responsável.
A parceria entre as duas marcas segue agora para uma segunda fase, que pretende dar continuidade ao projeto “Caskmates”, criado em 2016 pela Jameson, o qual supõe o processo inverso – um whisky envelhecido nos mesmos barris que carregaram a O’Phélia.