Setor da cortiça considera essencial apoio económico anunciado pelo Governo. AEP diz ser “insuficiente”
A Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR) acredita que as medidas de apoio à liquidez das empresas, anunciadas pelo Governo esta quarta-feira, para fazer face ao impacto económico do surto Covid-19, serão um […]
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Ana Catarina Monteiro
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A Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR) acredita que as medidas de apoio à liquidez das empresas, anunciadas pelo Governo esta quarta-feira, para fazer face ao impacto económico do surto Covid-19, serão um “instrumento fundamental no apoio ao período que se avizinha”. A AEP, por outro lado, considera o pacote de incentivos “insuficiente”.
“Só com esse apoio público será possível a um conjunto alargado de empresas fazer face às suas responsabilidades, manter o emprego e o seu funcionamento mais próximo do pleno possível”, declara a associação patronal do setor de cortiça, em nota de imprensa. A APCOR ressalva, no entanto, que “algumas” terão de ser “melhor detalhadas, quer na forma quer na sua aplicação”.
O Governo anunciou esta quarta-feira a criação de quatro linhas de crédito, num valor total de três mil milhões de euros, para os setores de restauração, turismo e indústria. O montante faz parte de uma pacote total de 9,2 mil milhões de euros, que envolvem também injeções de capital através de impostos e na segurança social.
A maior fatia dos três mil milhões de euros, destinada àqueles três setores, será canalizada para as indústrias, nomeadamente, têxtil, de vestuário, calçado, extrativas (rochas ornamentais) e da fileira da madeira e cortiça. Para estas, a linha de crédito vai até 1.300 milhões de euros, dos quais 400 milhões de euros aplicam-se apenas a micro e pequenas empresas destas áreas.
A Associação Empresarial de Portugal (AEP) considera o pacote total “insuficiente”.
Num comunicado emitido esta quarta-feira, a associação explica que o pacote de medidas, no valor total de 9,2 mil milhões de euros, “equivale a menos de 5% do PIB anual português”, estando “muito longe do anunciado pela nossa vizinha Espanha, que ultrapassa os 16% do PIB anual espanhol”.
A AEP realça ainda que “a magnitude do conjunto destas medidas está ainda muito longe de alcançar as reais necessidades do nosso tecido empresarial, por forma a minimizar a profundidade da recessão da atividade económica, já sentida como certa”.
A APCOR explica que, perante a atual situação, “no global, a atividade produtiva dos associados mantem-se, mas é expectável que o decréscimo em sectores importantes como o turismo e a restauração venha a ter impacto”.
“A indústria de cortiça exporta produtos e aplicações para um enorme número de setores de atividade em todas as geografias e, se, em alguns sectores a desaceleração já existe, há outros onde os clientes nos pedem que asseguremos a continuidade das operações de produção”, dá conta a associação.
O setor da cortiça “tem implementada uma série de iniciativas importantes, em alguns casos desde há várias semanas”, no sentido de alcançar um abrandamento da curva de contaminação.
“A nossa prioridade é proteger todos os nossos stakeholders, a começar pelos nossos colaboradores, que têm tido um sentido de responsabilidade determinante, e os nossos clientes”, sublinha a APCOR, entidade que representa atualmente 278 empresas, responsáveis por 80% do volume total de negócios e 85% das exportações portuguesas do setor de cortiça.