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Entrevista

“Os brancos da região dos Vinhos Verdes envelhecem muito bem”

Brancos envelhecidos, tintos mais leves, rosés de cor aberta e monovarietais de castas típicas da região de Entre-Douro-e-Minho. Dora Simões, presidente da direção da Comissão dos Vinhos Verdes há cerca de um ano, conta, na primeira pessoa, a estratégia da organização interprofissional para os vinhos da região demarcada em 1908

Rita Gonçalves
Entrevista

“Os brancos da região dos Vinhos Verdes envelhecem muito bem”

Brancos envelhecidos, tintos mais leves, rosés de cor aberta e monovarietais de castas típicas da região de Entre-Douro-e-Minho. Dora Simões, presidente da direção da Comissão dos Vinhos Verdes há cerca de um ano, conta, na primeira pessoa, a estratégia da organização interprofissional para os vinhos da região demarcada em 1908

Rita Gonçalves
Sobre o autor
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Brancos envelhecidos, tintos mais leves, rosés de cor aberta e monovarietais de castas típicas da região de Entre-Douro-e-Minho. Dora Simões, presidente da direção da Comissão dos Vinhos Verdes há cerca de um ano, conta, na primeira pessoa, a estratégia da organização interprofissional para os vinhos da região demarcada em 1908

Rita Gonçalves

A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) certificou (através da atribuição de selos de garantia de origem) 76 milhões de litros de vinho no ano passado. Cerca de metade ficou no mercado nacional e a outra metade partiu para os mercados externos.

As exportações de DOC Vinho Verde representaram 85 milhões de euros no ano passado (cerca de 35 milhões de litros), nas contas do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Eurostat.

Segundo dados da Nielsen, fornecidos pela CVRVV, as vendas dos vinhos desta região cifraram-se em 60 milhões de euros (20 milhões de litros) na grande distribuição, em 2022. Na restauração, a região vendeu cerca de seis milhões de litros que representaram 55 milhões de euros, embora, segundo a comissão, o tracking da Nielsen não inclua de forma exaustiva todos os pontos de venda.

Quando começa a sua ligação ao mundo do vinho?

Quando saí da universidade em Inglaterra fui viver para a Alemanha. Aí tive o meu primeiro trabalho no setor do vinho, na empresa californiana E & J Gallo Winery, a segunda maior produtora mundial de vinho. Foi uma das minhas primeiras experiências profissionais e marca a minha entrada no mundo do vinho.

Comecei com o cargo de responsável de marketing, numa altura que os vinhos californianos faziam as primeiras incursões na Europa Ocidental, depois de terem iniciado algum trabalho no Reino Unido.

A Gallo estava a dar início às exportações de vinhos para a Europa e, como em muitos casos, as grandes marcas vão um pouco à frente das regiões, porque têm interesses comerciais definidos e acabam por abrir caminho. Fiquei responsável, numa primeira fase, pela área de marketing e comunicação dos vinhos que iriam ser comercializados na Europa Central, na Alemanha, Suíça, Áustria e países nórdicos. Mais tarde, passei a trabalhar a categoria de fine wines, vinhos mais destinados à restauração e às lojas de especialidade, também na Europa Central.

Quando regressa a Portugal?

No final de 2002. E começo a trabalhar na ViniPortugal, recém-formada ainda sem atividade de promoção. Na altura, estava a criar-se a estratégia do estudo Porter para definir aquilo que seria a visão e a estratégia para os vinhos portugueses. Numa altura em que era preciso uma direção, uma orientação para as exportações, definir como se iria trabalhar a categoria de Vinhos de Portugal. Eu tinha acabado de chegar de fora, a ViniPortugal contratou-me para ser o pivô do estudo Porter.

Tive a sorte de integrar a equipa da Monitor Group e relacionar-me com todos os players que participaram no estudo. Foi uma forma ótima de conhecer o setor, a sua dinâmica e as pessoas chave. Depois disso, fui contratada ViniPortugal para o cargo de diretora geral que desempenhei durante seis anos. O presidente era o Vasco Avillez.

Do que se falava na altura?

Lembro-me que um dos temas era o vinho a copo. Um conceito difícil de colar e de passar em Portugal: de um consumo mais moderado, mas consistente, como forma rentabilizar a venda de vinho na restauração, e mantê-la viva, realizando mais dinheiro na venda do vinho. E até levar a uma experimentação de diferentes tipos de vinho na restauração, fosse esta mais económica ou de topo.

Naquela altura, ao contrário de muitos países na Europa, em Portugal a experiência de consumo de vinho a copo em Portugal era de muito baixa qualidade. Hoje, passados quase 20 anos, é raro ir a um restaurante, de qualquer categoria, que não tenha pelo menos um ou duas ofertas de vinho a copo.

Da ViniPortugal vai para a CVR do Alentejo.

Sim. Em 2008, a CVRA estava à procura de um novo presidente. O anterior presidente iria sair, numa altura em que as CVR deixaram de ter um representante do Estado. Candidatei-me e fiquei na posição durante sete anos. Saí no final de 2015 e dediquei-me ao negócio familiar, no Alentejo.

Dora Simões 2Entretanto, assumiu a presidência da CVRVV.

Há cerca de dois anos, estava já no Porto por motivos familiares, apresentou-se a possibilidade de me candidatar à comissão do vinho verde. Apesar de ter a minha atividade, que exercia entre o Porto e o Alentejo, tinha gostado muito de fazer este serviço na CVRA e, quando me desinquietaram para uma função similar, embora diferente, fiquei muito interessada e estou a gostar muito. Não é propriamente uma função fácil, mas tem desafios muitos interessantes, há sempre muita coisa a mudar, há muita coisa a pensar antes de mudar.

Faz, entretanto, em agosto um ano desde a sua tomada de posse.

Foi mesmo no final de julho que tomou posse a nova direção. Os meus colegas da direção são o Óscar Meireles (Quinta da Lixa) em representação do comércio e Rui Pinto (Terras Felgueiras) em representação da produção.

Que balanço faz do primeiro ano de atividade da comissão?

Numa altura em que o comércio está tão volátil e instável, e não sendo o vinho um bem essencial, é também verdade que é difícil retirá-lo dos hábitos de quem já o consome. É de facto uma forma muito gratificante de poder consumir algo que tem um apelo diferente dos outros produtos alimentares. Mas, mesmo assim, a situação económica tem vindo a dificultar a tarefa. Não é só no comércio, é em toda a cadeia, desde a viticultura à produção.

Quando entrei com os colegas desta direção, vivia-se um momento de grande incerteza que permanece. Há muitas áreas a precisarem de ser restruturadas, há os desafios da sustentabilidade, das alterações climáticas e do seu impacto na viticultura. Há muitos temas que já vêm de trás que precisam de ser pensados a médio e longo prazo para preparar a região para o futuro. É necessário priorizá-los, para os executar bem, ou pelo menos do que achamos que é bem aos olhos de hoje. Para isso, é preciso consultar bastante o setor.

Escutar. É o trabalho que têm vindo a fazer?

Sim, temos estado a fazer levantamento junto dos produtores e viticultores, a fazer visitas, comités técnicos e grupos técnicos de consulta onde vamos refletindo sobre estes levantamentos, procurando refletir as suas preocupações e expectativas no trabalho da comissão.

Não quero deixar de dizer que esta comissão está muito bem organizada, está muito sólida. Teve como presidente Manuel Pinheiro durante 22 anos, que fez um grande trabalho na área da promoção, na organização dos serviços, que permite à comissão pode fazer o seu trabalho de certificação quase sem mexidas. No entanto, é necessário ir adaptando aos tempos e às necessidades dos agentes económicos. Melhorar a eficiência dos serviços, a forma de os trabalhar, a informatização, o acesso à tecnologia por parte dos associados.

Que ilações já retiraram?

É preciso pensar em linhas gerais a Denominação de Origem (DO) e Identificação Geográfica (IP) Vinho Verde. Que caminho vão tomar? Quais as necessidades em termos de regulamentação e também daquilo que a região quer ter em termos de portefólio de produtos e estilos de vinho? Onde é que a região acha que deve ser um player e deve estar a jogar? Para nos prepararmos nessa medida, porque isso reflete-se na viticultura, na produção e nos estilos de vinho aprovados. Depois, há outras questões mais transversais e estratégicas ao setor, como as questões de auxílio aos produtores, no que diz respeito à implementação de medidas de sustentabilidade que são absolutamente necessárias. Dada a pulverização do negócio e da viticultura na região são mais difíceis de implementar porque são pequenos negócios, nos quais é necessário fazer um trabalho de proximidade no que diz respeito à formação, informação e passagem de conhecimento prático, que possa ser aplicado na viticultura no âmbito de boas práticas e que os leve a valorizar o valor da uva e do vinho.

Os desafios são muitos e estão identificados.

Sim, mas não ficam por aqui. Perceber em que áreas da investigação e desenvolvimento, e do conhecimento, é que vamos apostar para seguir caminho da melhor forma possível, como um acelerador da posição do vinho verde como um produto bem feito, de qualidade, que possa ser valorizado mais tarde.

Não quer isto dizer um produto totalmente moderno porque também é preciso valorizar a tradição, um aspeto a conhecer melhor através da história. Queremos preservar a herança da viticultura porque também é uma aposta em relação ao turismo e a uma série de outras áreas.

Falta ainda o património. Esta comissão é muito interessante e rica em património. O local onde estou a dar esta entrevista é a casa do vinho verde, o Palacete Silva Monteiro, que também necessita de ser restruturado e requalificado no sentido de servir o enoturismo e de ser o ponto de partida, o quilómetro zero, para a rota do vinho verde.

Temos ainda a Estação Vitivinícola Amândio Galhano (EVAG), localizada em Arcos de Valdevez, onde se fazia investigação, que necessita de ser revitalizada para continuar a fazer investigação e produzir essa experimentação em termos de viticultura. Este espaço deve ser exatamente um centro experimental que sirva aos produtores para se poderem ir lá informar e participar em estudos. Ter o seu próprio centro de inovação e desenvolvimento é uma coisa fantástica. Pelo que conheço não há nenhuma CVR que tenha. Demora algum tempo, mas temos de o fazer.

Já tem pistas sobre este caminho a seguir para o DO e IG? Falou por exemplo de necessidades de regulamentação.

Temos algumas pistas que resultam sobretudo de levantamentos feitos no passado. O vinho verde até há algum tempo era uma categoria muito ocupada por vinhos com um perfil mais jovem, leve e fresco. Atualmente, grande parte das empresas têm também no portefólio vinhos varietais, das castas Loureiro, Alvarinho, Avesso, Azal, entre outras, que resultam em vinhos com potencial de estágio.

A região ainda não fez, no entanto, o percurso de os colocar devidamente no conhecimento do público e deve fazer esse trabalho, porque atualmente o vinho branco está em alta, é muito procurado. Há até um défice de vinho branco de qualidade, que é o que a região mais tem, e isto está a ajudar-nos na comercialização. Uma região que quer ver a sua uva e o seu vinho valorizado tem de apostar, talvez, num menor volume dos lotes, mas ter vinhos de bastante qualidade, que estão bem em restaurantes, têm um preço mais elevado, afirmando-se pela qualidade em termos de topo de gama.

É este trabalho que é preciso ser feito. É uma das direções que é necessário continuar a trabalhar em segmentos específicos. O vinho verde tradicional tem o seu público e a sua ocasião. A ocasião de consumo determina também o tipo de vinho que bebemos. Depois, tem o outro segmento que tem de ser trabalhado e onde tem de ser feita uma aposta grande também por parte da CVR em termos de orçamento e de promoção.

Como se comportaram os vinhos verdes nos primeiros seis meses do ano?

Calculamos as vendas em função dos selos de garantia. A partir do momento em que o selo de garantia é vendido ao produtor, o vinho entrará no comércio, funcionando como uma antecipação do que vai ser comercializado. O que tem acontecido é que as vendas de vinho branco têm estado a aumentar. As vendas de selos analisadas no ano móvel de maio 2022 a maio deste ano, aumentaram 8% no vinho branco. Também aumentaram no rosado e mantiveram-se estáveis nos tintos.

É verdade que vendas estão a aumentar, em função de alguma sazonalidade neste período do ano e também das tendências de mercado.

Como estima que as vendas evoluam até ao final do ano?Dora Simões 5

A tendência não nos leva a acreditar que a situação se inverta. É verdade que pode haver alguma alteração, mas o mercado mantém-se bastante interessante pelo efeito muito positivo do turismo. Ainda que possa haver alguma estabilização no consumo de vinho por parte da população portuguesa, tem-se vindo a verificar que o consumo cresce, especialmente nos vinhos brancos.

Na exportação, se vai ter inflexão? Penso que tem muito a ver com os mercados. Há alguns mercados onde verificamos alguma retração, mercados onde o vinho verde tem posições importantes, o caso dos EUA e da Alemanha, por exemplo. Quando há retração de consumo nestes mercados em resposta a uma crise, o vinho está entre os produtos com maior decréscimo de consumo. Estamos a ver algum decréscimo nas vendas para os EUA, por exemplo, mas também há mercados onde as exportações estão a aumentar.

Se esta tendência de desvio nas exportações se mantiver, poderemos ficar numa situação mais neutra e não de grande impacto. Mas tudo depende das importações individuais de cada país. Para já, não vemos inflexão. A comercialização de selos aos produtores, que são quase de imediato colocados nas garrafas para serem comercializados está a subir e esse movimento dá-nos alguma segurança.

Quais são os mercados externos onde os verdes estão a ganhar vendas?

Há uma ideia generalizada de que tem havido uma valorização grande em todos os vinhos portugueses nos mercados de exportação. Penso que vendemos vinhos mais caros, de facto, porque os vinhos se tornaram mais caros para fazer face aos incrementos de preço nos componentes de embalagem, dos custos de produção, entre outros. Invariavelmente, todas as empresas fizeram uma atualização de preços nestes últimos dois anos. Mas esse aumento de preço está a fazer face a um aumento do custo de produção. Não é uma valorização intrínseca do produto, antes um reflexo dos seus custos.

Posto isto, o valor aumentou em todos os mercados, numa medida maior do que aumentou o volume, mas as maiores subidas em valor deram-se em Espanha, EUA, Letónia e Rússia. No Reino Unido também tem havido incremento, embora tenha um tracking diferente desde que não é membro da União Europeia, assim como na Irlanda e Polónia.

Pelo contrário, verificam-se decréscimos no Japão, no Brasil e na Estónia. Os que nos preocupam mais são países como Brasil, França, Canadá e Alemanha que tiveram algum decréscimo nas importações.

Noto que os produtores estão a dar atenção a outros mercados. Na organização da própria comissão estamos também a iniciar agora mercados onde não havia promoção, como é o caso da Coreia do Sul. Mesmo em Inglaterra não se fazia muita atividade. São iniciativas promocionais que ainda estão a arrancar, mas que têm em vista dar resposta a alterações de mercado que consideramos que vão acontecer nos próximos anos.

Quais as linhas estratégicas da promoção internacional?

A região tem vindo a acolher produtores que estão noutras regiões vinhateiras. Até pelo tipo de vinhos que aqui se pode produzir, a região tem vindo a receber uma série de novos agentes económicos. Ao ter produtores multi região, muitas vezes, por uma questão de oportunidade, a região organiza-se com a ViniPortugal mas também faz promoção com produtores locais que querem fazer parte daquilo que é a marca da região.

A região tem muita tradição de promoção no mercado nacional, mas principalmente em mercados externos. Tem uma vocação exportadora muito grande. A região dos vinhos verdes coordena-se com a ViniPortugal também no sentido de ter uma calendarização diferenciada. E temos também a possibilidade de ir a alguns mercados onde a ViniPortugal não está presente, da mesma forma que levamos produtores de menor dimensão, que de outra forma não tinham provavelmente capacidade para estar enquadrados nos programas da ViniPortugal. Os programas da região, pela sua especificidade, são ações mais micro e dedicados a determinadas categorias de produto.

Temos vindo a fazer ainda participações em feiras e recebemos a visita de jornalistas, importadores e líderes de opinião no sentido de divulgar o vinho verde e as virtudes da região.

Pode-se dizer que o alvarinho é a casta estrela da região?

É a estrela no topo de gama. Penso que talvez seja a casta mais valorizada em Portugal. Produz vinhos muito elegantes, frescos, vinhos que atualmente competem mundialmente, que estão a ganhar espaço nessa frente, e ajudam na promoção de qualidade da região.

O Loureiro é a casta mais plantada na região. Há ainda muito a descobrir sobre esta casta que já tinha alguma tradição em monovarietais e também em blends. Também o Avesso, o Azal, o Trajadura são muito utilizadas na produção de vinhos brancos.

A região faz uma produção muito baixa de vinhos tintos, dos que produz o Vinhão é a casta que se usa maioritariamente. Se bem que se começa a fazer um trabalho de descoberta de castas tintas mais aptas para fazer rosés. Este é um segmento que não existia nos verdes até há bem pouco tempo e os produtores estão a utilizar novas castas para fazer rosés de cor mais clara dando resposta às tendências de consumo.

Essa tendência já se materializa em vinhos?

Sim, o portefólio dos produtores abriu-se aos rosés. A maioria das empresas que têm castas tintas, há poucas só a fazer exclusivamente brancos, faz também rosés, com maior ou menor volume. Uma questão levantada nos comitês técnicos que temos feito com produtores e viticultores é exatamente a necessidade de plantar e saber mais sobre castas tintas que possam trazer à região bons vinhos rosés adaptados às necessidades de mercado. Porque naturalmente os vinhos da região já vão ter menos álcool e pouca acidez, sendo já muito adaptados às tendências de mercado no que diz respeito ao perfil. Vão ter de melhorar é a cor. O Vinhão não dá essa possibilidade. Dá um rosé bastante escuro. Há técnicas enológicas que permitem fazer um vinho mais claro, mas há uma necessidade de aperfeiçoar a região no que diz respeito a rosés e também tintos mais leves e de cor mais aberta.

Embora seja uma região altamente especializada em brancos e continuará a ser, quer também ter um percurso de qualidade e valor e de adaptação ao mercado nos tinto e rosés.

Qual a área cultivada de vinha na região?

São cerca de 17 mil os hectares plantados na região. Na última década e meia, a região modernizou-se. Era uma região muito tradicional nas técnicas de viticultura e de forma de condução da vinha. Apostou em conduções modernas que permitiram algum tipo de mecanização e também uma produção mais constante e com menos impacto das condições climáticas, porque permitem, por exemplo, maior arejamento e maior exposição solar.

O programa de apoio à reestruturação da vinha – o Vitis – teve um grande impacto no vinho verde. Apesar de ter diminuído a área de plantação de vinha, a modernização da viticultura no vinho verde tem aumentada a produção em virtude de um aumento da eficiência na vinha.

É preciso também ter cuidado com aquilo que é a paisagem tradicional de vinho verde, tem de haver um equilíbrio entre o que é a modernidade e a tradição para que não se percam valores importantes para o enoturismo. Ao nível da viticultura e da manutenção da paisagem, tem de haver também manutenção do enforcado, das ramadas, entre outros. Daquilo que é característico da região.

Como é que o terroir da região e as próprias castas influenciam o perfil dos vinhos e os distinguem dos restantes produzidos em Portugal?

Os vinhos verdes não são um estilo de vinho. São a DO. Há uma dificuldade em comunicar porque dizer vinho verde parece que é um tipo de vinho. Na verdade, é a DO. A região foi delimitada em 1908, assinala este ano 115 anos. Tem uma diversidade enorme, pela geografia montanhosa do próprio Minho. É quase um anfiteatro que vai até ao mar. Tem também muitos rios que são entradas de ventos do Atlântico na região. E tem altitude, uma vez que a região tem muita viticultura de montanha. Esta diversidade vai criar diferentes microclimas. A DO Vinho Verde permite assim vinhos de perfil muito diferente. Veja, por exemplo, o caso dos alvarinhos da sub-região de Monção e Melgaço.

O que se pode dizer transversalmente em relação ao vinho verde é que tradicionalmente têm acidez elevada, uma frescura aromática grande, graus de álcool inferiores e que muitas das castas utilizadas, se vinificadas da forma certa, vão ter potencial de envelhecimento. Estamos a ver esse potencial agora e já o podemos demonstrar. Há produtores que já podem fazer provas verticais com vinhos com mais de uma década de envelhecimento.

Este é um dos grandes tabus do vinho branco. Há a ideia de que o vinho branco não envelhece bem. Mas isto não é verdade em muitos vinhos brancos da região do vinho verde. Temos de alterar este paradigma que não é exclusivo dos vinhos verdes, nem de Portugal. Todos os brancos no mundo e em Portugal devem trilhar este caminho porque todos perdemos que não o fizermos.
*Entrevista originalmente publicada na edição 415

Sobre o autorRita Gonçalves

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De 8 a 10 de outubro, Madrid volta a receber a Fruit Attraction, a maior feira empresarial do setor das frutas e legumes, que vai ter a maior representação de sempre de empresas portuguesas: o stand conjunto da Portugal Fresh junta 54 participantes, entre empresas, associações e parceiros. Uma presença histórica em destaque na edição 426 do Hipersuper.

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Iogurte líquido subiu 20%, couve-coração e curgete registaram um aumento de 14% e preço do azeite continua a escalar.

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O cabaz de 63 produtos alimentares essenciais monitorizado pela Deco Proteste custa 226,97 euros, custando agora menos 1,28 euros do que na última semana de setembro.

Produtos com maior variação de preço de 25 de setembro a 2 de outubro:
Iogurte Líquido 20%
Couve-Coração 14%
Curgete 14%
Azeite Virgem Extra 13%
Carapau 12%
Atum posta em óleo vegetal 10%
Dourada 10%
Cebola 9%
Polpa de tomate 7%
Pão de forma sem côdea 7%

Produtos com maior variação de preço desde o início do ano: de 3 de janeiro a 2 de outubro
Dourada 19%
Pão de forma sem côdea 17%
Novilho Carne para cozer 14%
Atum posta em azeite 14%
Óleo alimentar 9%
Arroz agulha 8%
Carcaça tradicional 7%
Manteiga Com sal 6%
Alho Seco 6%
Iogurte Líquido 5%

Os dados são da Deco Proteste que com o início da guerra na Ucrânia e a escalada da inflação, realiza todas as semanas uma análise dos preços de um cabaz constituído por 63 produtos alimentares essenciais que inclui carne, congelados, frutas e legumes, laticínios, mercearia e peixe, sendo considerados, entre outros, produtos como perú, frango, carapau, pescada, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo, manteiga, entre  outros.

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Closeup shot of male hand picking cherry red coffee beans on the tree

ESG

CONFAGRI saúda adiamento do Regulamento Anti Desflorestação

A Comissão Europeia vai propor prorrogação por um ano, do prazo da entrada em vigor do Regulamento Anti Desflorestação.

Hipersuper

Num comunicado publicado no dia 02 deste mês, a Comissão Europeia reconhece que, três meses antes da data de execução prevista, “vários parceiros mundiais manifestaram repetidamente preocupações quanto ao seu estado de preparação, mais recentemente durante a semana da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque”.

Com base nas reações recebidas fora da União Europeia e no facto de dentro da UE o estado dos preparativos entre as partes interessadas também ser desigual, a Comissão publicou um novo documento de orientação e propôs dar às partes interessadas mais tempo para se prepararem.

Se for aprovada, esta proposta tornará a lei aplicável em 30 de dezembro de 2025 para as grandes e médias empresas e em 30 de junho de 2026 para as micro e pequenas empresas.

Mas indica que este adiamento não põe em causa os objetivos ou o conteúdo do Regulamento Anti Desflorestação da União Europeia (EUDR). “Uma vez que todos os instrumentos de execução estão tecnicamente prontos, os 12 meses adicionais podem servir de período de introdução gradual para assegurar uma execução adequada e eficaz”, lê-se no comunicado de imprensa divulgado pela Comissão Europeia a 02 de outubro.

Óleo de palma , bovinos, soja , café, cacau, madeira, borracha e produtos derivados dos produtos enumerados – tais como carne de bovino, mobiliário ou chocolate – são os produtos abrangidos pelo regulamento.

CONFAGRI com “moderadas expectativas”

Num comunicado, a CONFAGRI (Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal) diz receber “com moderadas expectativas”, a notícia do adiamento do prazo de aplicação do regulamento.

“Seria impensável, com a falta de orientações e ferramentas disponíveis, que a grande maioria dos agentes do setor agroalimentar estivessem em cumprimento com o Regulamento a partir do dia 30 de dezembro de 2024”, aponta o presidente da Confederação.

Idalino Leão afirma ainda que a organização aplaude “a razoabilidade desta decisão, dados os impactos negativos a que iriam estar sujeitos não só os produtores nacionais e europeus, mas também todos os envolvidos na cadeia de valor e os próprios consumidores”,

O presidente da CONFAGRI crê que este adiamento “deve ser uma nova oportunidade para a Comissão Europeia ouvir o parecer, expectativas, necessidades e especificidades de quem está no terreno” para que seja possível “pensar e construir uma solução de aplicação do EUDR mais ponderada e consensual que não cause mais prejuízos que benefícios.”

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Diretora da Fruit Attraction, María José Sánchez,

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María José Sánchez: “Portugal é um mercado chave para a Fruit Attraction”

Em entrevista ao nosso jornal, a diretora da Fruit Attraction, María José Sánchez, sublinha que Portugal, com uma forte representação através da Portugal Fresh, continua a ser um mercado crucial para a feira, e elogia a oferta portuguesa que considera “de alta qualidade e competitiva”.

Em entrevista ao Hipersuper, a diretora da Fruit Attraction, María José Sánchez, enaltece a evolução da feira, que desde 2009 se transformou num ponto de encontro estratégico para o setor hortofrutícola global. María José Sánchez sublinha que Portugal, com uma forte representação através da Portugal Fresh, continua a ser um mercado crucial para a feira, e elogia a oferta portuguesa que considera “de alta qualidade e competitiva”.

Hoje, a Fruit Attraction é um evento de referência no calendário internacional. Como vê a sua evolução ao longo dos anos?
A Fruit Attraction teve uma evolução impressionante desde a sua primeira edição. Começámos em 2009 e, apenas alguns anos depois, tornámo-nos uma plataforma internacional chave para o setor hortofrutícola. Atualmente, contamos com a presença de expositores e visitantes de todo o mundo, o que reflete a importância deste evento como ponto de encontro estratégico para a indústria global. Ao longo dos anos, e com o apoio do nosso parceiro, FEPEX, soubemos adaptar-nos às necessidades do setor, integrando inovações, ampliando a nossa oferta e consolidando-nos como uma referência para a troca de conhecimento e desenvolvimento de negócios. Contudo, o verdadeiro sucesso tem sido a lealdade e o apoio dos profissionais do setor na feira.

Quais as principais inovações e novidades que a Fruit Attraction deste ano vai apresentar?
Como novidade, este ano o Pavilhão 1 será dedicado à Innova&Tech, a nova área que reúne os setores de Biotech Attraction e Smart Agro, destinada a empresas de inovação, investigação e desenvolvimento tecnológico em genómica vegetal. Neste espaço, poderemos encontrar todas estas propostas.
Além disso, o The Innovation Hub – no ponto de encontro entre os Pavilhões 1 e 3, com cerca de 40 produtos – será a área dedicada à inovação e novidades empresariais no setor. Neste contexto, a feira voltará a acolher os Innovation Hub Awards, que se tornaram um acontecimento essencial para apoiar a aposta empreendedora empresarial do setor, com as suas habituais categorias: Fresh Produce, F&V Industry e Ações de Sustentabilidade e Compromisso.

Qual a importância dos expositores e visitantes portugueses para a Fruit Attraction? A presença da Portugal Fresh é relevante?
Portugal é um mercado chave para a Fruit Attraction e a participação de expositores e visitantes portugueses é muito valiosa. A presença da Portugal Fresh, em particular, é um componente essencial que contribui para reforçar os laços entre as empresas portuguesas e o mercado internacional. Portugal é um país com uma oferta de alta qualidade e competitiva e a sua representação na feira fortalece o intercâmbio de oportunidades de negócios, além de impulsionar a visibilidade dos produtos portugueses a nível global.

Como são abordadas as questões relacionadas com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental, temas cada vez mais importantes?
A sustentabilidade é uma prioridade. Na IFEMA MADRID, esforçamo-nos por promover práticas responsáveis. Para tal, tentamos aumentar o nível de sustentabilidade em todos os nossos eventos, bem como melhorar a eficiência das infraestruturas, entre outras ações.
Por outro lado, na Fruit Attraction, a sustentabilidade também é um dos temas centrais, e não só para nós, mas também para os participantes. Muitas das sessões realizadas na feira abordam este tema. Além disso, como já mencionei, temos uma categoria específica, Ações de Sustentabilidade e Compromisso, nos Innovation Hub Awards.

Como olha para os desafios globais, como as alterações climáticas e as interrupções nas cadeias de abastecimento, que afetam a produção e distribuição de frutas e legumes?
As alterações climáticas e as interrupções nas cadeias de abastecimento são dois dos principais desafios que o setor hortofrutícola enfrenta a nível mundial. As alterações climáticas estão a modificar os padrões de produção, afetando tanto a quantidade como a qualidade das colheitas, o que exige uma adaptação constante por parte dos produtores. Quanto às cadeias de abastecimento, as interrupções recentes mostraram-nos a importância de desenvolver redes mais resilientes e diversificadas. Na Fruit Attraction, trabalhamos para oferecer um espaço onde as empresas possam encontrar soluções inovadoras que as ajudem a enfrentar estes desafios, tanto ao nível da produção como da logística.

Que estratégias estão a ser implementadas para melhorar a rede de negócios e o networking entre os participantes da feira? Há novidades?
Um dos grandes objetivos da Fruit Attraction é oferecer uma plataforma de impulso e expansão internacional. Neste sentido, a IFEMA MADRID, com a colaboração do Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação e do ICEX, volta a ativar o Programa de Compradores Internacionais, que traz a Madrid cerca de 700 compradores de 70 países, incluindo chefes de compras de retalho, importadores e grossistas, que darão um dinamismo especial ao negócio da feira.
A este programa junta-se o ‘País Importador Convidado’, com a China e a Arábia Saudita como protagonistas desta edição. Assim, a Fruit Attraction abrirá e fomentará uma via de relações comerciais com estes mercados, apoiada por um programa completo de mesas redondas, visitas guiadas à feira e sessões B2B.
Além disso, a nossa plataforma digital LIVEConnect desempenhará um papel fundamental, permitindo que os participantes se conectem e façam negócios para além da feira.

Entrevista publicada na edição 426 do Hipersuper

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

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Plentiful; rice held in heart shaped hand over paddy background

Alimentar

IACA doa 30 toneladas de ração a produtores afetados pelos incêndios

A doação da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais destina-se a produtores pecuários de sete municípios.

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No âmbito do projeto IACA Solidária, a Associação doou 30 toneladas de alimentos compostos para animas, entregues a várias dezenas de produtores “para responder às necessidades imediatas de mais de 1.500 pequenos ruminantes (ovinos) que estão em défice nutricional no centro de Portugal e, também, a bovinos de raça Arouquesa também afetados pelos incêndios ocorridos em setembro”, informa num comunicado.

Os alimentos para animais estão a ser entregues em São Pedro Sul, Castro Daire, Tábua, Carregal do Sal, Nelas, Penalva do Castelo e Arouca. Estão diretamente envolvidas neste apoio aos pequenos produtores afetados pelos fogos, sete empresas associadas da IACA, designadamente, Nanta, Sorgal, Agrolex, Rações Valouro, Rações Zêzere, Vetalmex e De Heus.

A IACA informa ainda que a operação vai continuar nos próximos dias, “e enquanto for necessária”. Está a ser implementada em articulação com o Ministério da Agricultura, Direção Geral de Alimentação e Veterinária, Ordem dos Médicos Veterinários e com os responsáveis veterinários dos municípios afetados pelos incêndios, tal como com as organizações locais de produtores pecuários.

Doação entregue a produtores de carne e queijo

A Associação revela que para além da produção de carne, os produtores afetados pelos incêndios de setembro têm na produção de queijo de ovelha para comercialização em pequenas e grandes superfícies, uma das suas principais fontes de rendimento. Os fogos afetaram o bem-estar animal não apenas em relação à falta de alimento, mas também pela fraca qualidade do ar que ainda se verifica. “Situações que, em conjunto, podem comprometer a produção de carne, leite e de queijo de ovelha nestas regiões”, alerta a IACA.

A iniciativa IACA Solidária teve início em 2017, envolvendo voluntariamente todos os associados da instituição, para prestar apoio aos produtores pecuários, e seus animais, afetados pelos incêndios que atingiram Portugal em junho e outubro desse ano. Foram oferecidas mais de 150 toneladas de alimentos para aninais e foi criada uma ração de emergência para garantir a subsistência dos mesmos, recorda a Associação.

O projeto foi reativado em 2019, para responder à necessidade de alimentar os animais de pequenos produtores das zonas de Vila de Rei e Mação, áreas afetadas por grandes incêndios nesse ano.

Em 2024 a ajuda inicial cifra-se em 30 toneladas de alimentos compostos para animais. “Como sempre temos afirmado, com palavras e com ações, contribuir para o bem-estar animal, no que à alimentação diz respeito, e sermos solidários com as populações, é uma das missões desta Associação”, sublinha o secretário-geral da IACA.

Para Jaime Piçarra, é igualmente importante “que sejam ultrapassadas algumas questões técnicas e burocráticas que implicam que as premissas do projeto IACA Solidária tenham de ser aprovadas pela Assembleia da República”. “Especificamente, é necessário que estas ajudas não tenham impacto no IRC e no IVA cobrado às empresas. Apesar dessas limitações, reconhecidas pelo Ministro da Agricultura, voltamos a estar presentes. Não poderíamos fazer outra coisa”, explica.

A Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais integra 55 associados, sendo representativa de 80% da produção nacional de alimentos compostos para animais e da totalidade das pré-misturas de produção nacional.

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Alimentar

Gonçalo Santos Andrade: “Vamos fazer história!”

Em entrevista ao Hipersuper, Gonçalo Santos Andrade, presidente da Portugal Fresh, antecipa um momento histórico para o setor com a maior representação de sempre de empresas portuguesas na edição de 2024 da Fruit Attraction, em Madrid: 54 participantes e um stand de 708m2.

Quais as expetativas para esta edição da Fruit Attraction? A presença portuguesa mostra a força das nossas empresas nestes setores?
As expectativas da Portugal Fresh para esta edição da Fruit Attraction de 2024 são muito altas. Nunca ocupámos tanta área, nem participámos com um número tão elevado de empresas como este ano. Vamos fazer história! O stand conjunto ocupa a maior área de sempre – 708 metros quadrados – e conta com a presença recorde de 54 empresas, organizações e associações de produtores e parceiros. Iremos, juntos, promover as frutas e legumes produzidos em Portugal com uma presença forte na capital espanhola, que mostra bem o dinamismo deste setor.

O objetivo passa por reforçar e procurar novos mercados mas a Portugal Fresh faz mais nesta feira: divulga Portugal. Também passa por aí o sucesso da presença em Madrid?
Sem dúvida. A presença em Madrid permite-nos demonstrar como a aposta na qualidade, na segurança alimentar e na tecnologia do nosso modelo agrícola também são as nossas vantagens competitivas. Debaixo de um único chapéu, promovemos Portugal de forma muito mais eficaz e impactante.

As exportações de frutas, legumes e flores cresceram 13,4% nos primeiros seis meses do ano, face ao mesmo período do ano anterior. A presença em feiras internacionais como a Fruit Attraction fazem a diferença nestes resultados?
As principais feiras internacionais são autênticos centros de negócios onde temos acesso aos principais compradores internacionais. O grande objetivo é maximizar o valor à produção, procurando canais e soluções com valor acrescentado.
As vendas para os mercados externos crescem consecutivamente desde 2010, ano em que a Portugal Fresh foi criada. Em 2022, atingimos o marco histórico dos 2000 milhões de euros de exportações; em 2023 este valor aumentou para os 2303 milhões de euros. Queremos aproveitar todo o potencial do nosso país, onde a produção de frutas, legumes e plantas ornamentais está avaliada em 5000 milhões de euros (dados de 2023).
O grande objetivo da Portugal Fresh é reforçar a competitividade das empresas. E a promoção feita de forma conjunta e estruturada tem trazido inúmeras vantagens, não só em termos de rentabilização de custos e recursos, mas também no que toca à visibilidade da presença de Portugal. Passam milhares de visitantes por estas feiras empresariais e é aqui que se reúnem os principais players mundiais.

Como trabalha a Portugal Fresh para a internacionalização do setor?
Para continuar a ajudar as empresas a crescer, a Portugal Fresh tem em curso um Projeto Conjunto de Internacionalização para 2023-2025, apoiado pelo Portugal 2030 – Programa Operacional Competitividade e Internacionalização, e que prevê um investimento global de 1.561.663,52€ euros, financiado em 48,8% pelo FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
Além da presença na Fruit Logistica, em Berlim, na Fruit Attraction, em Madrid, e na IPM Essen, realizamos missões empresariais e ações de prospeção nos Estados Unidos, Chile, Índia e Polónia. Este ano, em Abril, participámos na 1ª edição da Fruit Attraction em São Paulo, no Brasil.
A nossa aposta é consolidar clientes nos mercados com maior volume de vendas, nos países onde o PIB per capita é mais elevado e também em cidades onde a presença da comunidade portuguesa é relevante. Abordamos ainda geografias com crescimento demográfico e com elevada concentração de consumidores, atrativas quer do ponto de vista logístico, quer económico. Países como o Luxemburgo, a Irlanda, a Suíça, o Qatar e a Noruega entram nas nossas prioridades devido ao PIB que apresentam. Já Nova Deli e Bombaim, na Índia, Tóquio, no Japão, Cidade do México, no México, e São Paulo, no Brasil, são atrativas pela demografia e logística.

As expectativas são de crescimento nas exportações mas para isso não chega a aposta em inovação e tecnologia. A disponibilidade de recursos hídricos é uma preocupação urgente?
Muito urgente. A evolução positiva das exportações precisa de ser acompanhada por investimentos concretos no acesso à água e na gestão dos recursos hídricos. Esta é a nossa principal batalha pois, sem uma gestão adequada da água, dificilmente conseguimos superar metas, crescer e ganhar maior competitividade. Temos vindo a defender, repetidamente, que é urgente avançar com a modernização da área de regadio existente para evitar perdas de água na distribuição antes de chegarem aos agricultores.
É urgente um plano estratégico nacional para a gestão deste tema. É urgente a criação de uma via verde para a construção de charcas e reservatórios de água e a construção de barragens para múltiplos fins. Este é um tema que continuará no topo das preocupações.

O que nos torna mais competitivos que outros países exportadores? De que forma os produtos deste setor se diferenciam?
Pela sua localização, Portugal possui um clima único na Europa e com forte influência do Atlântico. Esta diferenciação climática traz-nos, não só, qualidade e sabor, como nos permite produzir, por exemplo, framboesa na região do Sudoeste Alentejano durante as 52 semanas do ano. O clima ameno e mais estável ao longo do ano, com temperaturas não muito altas no verão e não muito baixas no inverno é uma grande vantagem competitiva. Permite-nos prolongar mais as campanhas. Ao mesmo tempo, também nos destacamos pela diversificação da oferta. Além dos pequenos frutos, distinguimo-nos na produção de tomate, citrinos, peras e maças, hortícolas, etc. A qualidade e o sabor são outros dois ingredientes fundamentais em que a produção nacional dá cartas.

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Ana Rita Almeida

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ACIBEV assinala campanha Vitævino com vídeos a destacar a importância do setor

Para marcar o lançamento europeu da Campanha Vitævino, a ACIBEV lançou uma série de vídeos de curta duração para destacar a importância do setor do vinho.

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Os vídeos lançados pela Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal, têm por base o estudo realizado pela NOVA SBE sobre o valor do Setor do Vinho em Portugal e assinalam o lançamento da campanha.

A Campanha Vitævino é uma iniciativa de cidadãos da comunidade vitivinícola europeia, dedicada à defesa da cultura do vinho e do seu papel na promoção do convívio.

Segundo a ACIBEV, a campanha pretende que seja reconhecido “o importante papel socioeconómico que o vinho desempenha na nossa sociedade”. “A grande maioria das pessoas bebe com moderação e o vinho é bem conhecido pelo seu contributo para a gastronomia e o convívio numa cultura que distingue entre o abuso do álcool e o consumo moderado de vinho”, destaca ainda, num comunicado.

Um dos pilares dessa campanha é a Declaração Vitævino, que prevê a recolha de assinaturas daqueles que apoiam o vinho “enquanto símbolo de convívio, a sua cultura milenar, o seu papel na formação da nossa história, da nossa economia, dos nossos terroirs e das nossas comunidades rurais, não esquecendo o lugar legítimo do consumo moderado de vinho como parte de um estilo de vida saudável e equilibrada”, explica a ACIBEV no comunicado.

Os cinco pequenos vídeos lançados pela Associação apresentam factos importantes sobre o emprego rural, a contribuição fiscal, a atividade económica, o enoturismo, o valor das exportações, a contribuição para o PIB e o impacto ao longo de toda a cadeia de valor.

A Declaração Vitævino pode ser assinada em www.vitaevino.org

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Na Quinta de Jugais já se prepara o Natal

De Oliveira do Hospital saem cabazes de natal para todo o mundo com os sabores autênticos e tradicionais de Portugal. Em 2023, as encomendas ascenderam a 400 mil.

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A três meses do Natal, na Quinta de Jugais, em Oliveira do Hospital, o espírito da época já se instalou nos mais de 3 mil metros quadrados de área do armazém e agita o trabalho dos 60 colaboradores da equipa, liderada pelos irmãos António e Pedro Martins.

Um alvoroço que se sente desde 2001, altura em que arrancaram com o negócio da produção de “cabazes de Natal personalizados”. Pelo meio, investiram na introdução de “produtos tradicionais de sabor autêntico” da Serra da Estrela bem como na criação de uma linha de produção de doces, “inspiradas também em receitas tradicionais, que passam de geração em geração”.  De uma simples caixa, a um baú ou mala de viagem, o requinte das embalagens dos produtos é outra aposta da equipa que quer surpreender, por exemplo, “com bolachas em caixas de música” ou “chocolates em latas decorativas”. Embora não existam dados oficiais, como sublinha em comunicado, a Quinta de Jugais orgulha-se de ser a maior e mais antiga empresa de cabazes de Natal em Portugal e o seu objetivo é continuar a crescer e a apostar no mercado português.

O sucesso é notório e, volvidas mais de duas décadas, o negócio mostra ser uma aposta ganha: em 2007, a Quinta de Jugais iniciou a presença no mercado angolano e registou, em 2023, um volume de faturação de quase 40 milhões de euros (39.273.021,37 euros), o maior desde a génese da empresa em 2001 onde faturou cerca de 50.000 mil euros.
Para este ano, as previsões apontam para “um crescimento de 5%”. “Este aumento reflete a confiança no potencial do nosso negócio e no fortalecimento das nossas operações. No Natal, devido à área de negócio dos Cabazes de Natal e ao volume de trabalho da época, chegamos a ter na equipa mais de 400 pessoas”, partilham os responsáveis da Quinta de Jugais.

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Inteligência Artificial “tem o potencial de tornar os humanos mais inteligentes e produtivos”

Carlos Oliveira, chairman da Automaise, defende a necessidade de “olhar estrategicamente para o IA”, no seio das empresas, onde “os impossíveis passaram a ser possíveis” devido a esta tecnologia.

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O chairman da Automaise, Carlos Oliveira, defendeu que a Inteligência Artificial “tem o potencial de tornar os humanos mais inteligentes e produtivos”, no evento Automaise Talks, realizado no passado dia 25 de setembro, no Templo da Poesia, em Oeiras.

Na sua intervenção sobre IA e liderança, Carlos Oliveira defendeu a necessidade de “olhar estrategicamente para o IA”, no seio das empresas, onde “os impossíveis passaram a ser possíveis” devido a esta tecnologi. “O desafio é para nós próprios, que temos de pensar como tirar partido desta ferramenta, para o nosso crescimento”, afirmou, acrescentando: “A IA está a ser o verdadeiro indutor da verdadeira transformação digital que ainda não aconteceu” afirmou.

Também Ernesto Pedrosa, CEO da Automaise, considerou que “o lançamento do Chat GPT foi o turning point”, mas lembrou que a “IA já tem 20 anos e faz parte do nosso dia-a-dia, em assistentes virtuais, recomendações de produtos ou sistemas de navegação”. “O futuro de todas as empresas passa pela IA”, disse.

As Automaise Talks, realizadas no dia 25 de setembro, reuniram líderes e especialistas de várias áreas para discutir o impacto da IA no futuro das empresas. O evento destacou a inevitabilidade da adoção da IA, abordando como esta tecnologia está a transformar tarefas repetitivas e a impulsionar a eficiência operacional. Debateram-se ainda os efeitos da IA na produtividade, a possibilidade de semanas de trabalho mais curtas e a importância de equilibrar o teletrabalho com a vida pessoal.

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Heed Capital investe 25 milhões de euros na expansão do Retail Park de Évora

O Retail Park contará com mais de 800 lugares no parque de estacionamento e vai receber a primeira loja da Mercadona no Alentejo, além de uma Kiwoco, um Espaço Casa e uma Fábrica de Óculos.

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A Heed Capital, empresa de gestão de ativos focada em fundos de investimento e consultoria financeira, investiu 25 milhões de euros na expansão do Retail Park de Évora, localizado na Quinta de Alcaide.

O espaço, comprado em 2021 à Europar, passará, com a expansão, de 6000 m 2 para 14 mil m 2 de área coberta construída. O terreno onde está situado tem uma área total de aproximadamente 66.000 m 2 , sendo que os proprietários cederam uma
área de quase 7.000 m 2 à Câmara Municipal de Évora, entregando ao poder público a construção de uma nova via de acesso ao local, assim como a ligação a uma rotunda já existente.

Recorde-se que em 2021, a Heed Capital lançou o Aston Gold, um fundo de capital de risco fechado. O Retail Park de Évora faz parte dos ativos geridos pelo Aston Gold FCR .

Para Fernando Fonseca, responsável da Aston Gold, “este investimento confirma a nossa capacidade, através das nossas equipas multidisciplinares, de gerir os recursos dos nossos clientes, tanto em ativos líquidos como nos de menor liquidez.”

O Retail Park contará com mais de 800 lugares no parque de estacionamento e vai receber a primeira loja da Mercadona, cadeia espanhola de supermercados, no Alentejo, além de uma Kiwoco, um Espaço Casa e uma Fábrica de Óculos. O investimento da Heed Capital vai gerar a criação de 200 novos postos de trabalho na cidade de Évora, contribuindo diretamente para o desenvolvimento económico do interior do país, e a inauguração está marcada para o próximo dia 3 de outubro.

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