Regadio como eixo estratégico de desenvolvimento da agricultura
Apesar da “seca severa” que assola o País, a Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (ANPROMIS) acredita que as culturas de regadio são um eixo estratégico de desenvolvimento da nossa agricultura.
Victor Jorge
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A conclusão saiu da Assembleia-geral da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (ANPROMIS): “sem Regadio não existe agricultura competitiva em Portugal”.
A situação actual, que coloca cerca de 68% do território nacional em situação de “seca severa”, tem-se revelado extremamente preocupante para os agricultores dado afectar, não só as culturas de Outono/Inverno, como também, o cultivo das culturas de Primavera/Verão, entre as quais o milho, em vastas áreas do nosso território.
No entanto, apesar das adversidades do clima Luiz Vasconcellos e Souza, presidente da ANPROMIS, refere que “é importante não esquecer que segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), e contrariamente à ideia generalizada de que há escassez de água no nosso País, estima-se que, anualmente, em Portugal sejam utilizados, por todos os sectores, apenas 20% dos recursos totais disponíveis, de águas superficiais e subterrâneas. Analisados os dados, acreditamos que existe em Portugal condições para fazer das culturas de regadio um eixo estratégico de desenvolvimento da nossa agricultura»”.
Apesar de reconhecer que as condições climatéricas actuais constituem uma preocupação para muitos sectores – em especial os cereais de Outono/Inverno e a agro-pecuária – as culturas de regadio acabam por ser menos afectadas pela disponibilidade de reservas de água existentes, sobre tudo em regadios colectivos. “Para a fileira do milho a principal prioridade passa por um forte investimento do Estado em infra-estruturas de regadio, sob pena que as secas dos próximos anos, cuja frequência vai ser cada vez maior, inviabilizem a agricultura em vastas áreas do nosso território, conduzindo ao crescente abandono dessas áreas. Existe disponibilidade de água no nosso País, resta-nos quem apoie o seu uso de uma forma eficiente”, acrescenta.
No âmbito da Reforma da Política Agrícola Comum (PAC), agora em revisão, a ANPROMIS defende que a Comissão Europeia deverá apoiar de forma decidida os investimentos relacionados com o regadio e com o uso eficiente da água, “pois sem regadio não é possível desenvolver uma agricultura competitiva nos países do sul da Europa”, salienta a associação.
Tendo em conta a actual situação meteorológica que o país atravessa, os produtores acreditam que o regadio e as culturas regadas são fundamentais para a competitividade da agricultura nacional e para a sobrevivência do mundo rural português. Para tal é “imperioso o nosso País defender de uma forma desassombrada, quer a nível interno quer a nível da União Europeia, o regadio e as culturas regadas”. defende a associação.